Uma mudança silenciosa ocorreu entre os pesquisadores de estudos brasileiros no ano passado: muitos estão desistindo ou adiando planos de trabalhar nos Estados Unidos, apesar de terem subsídios garantidos ou parcerias acadêmicas lá. As preocupações com as políticas de imigração e a politização da ciência sob o presidente dos EUA, Donald Trump, estão pressionando os jovens cientistas a buscar oportunidades em outros lugares, dizem eles.
De acordo com a Agência Federal Brasileira para o Apoio e Avaliação da Pós -Graduação (CAPES), com sede em Brasília, pelo menos 96 estudantes de doutorado que foram selecionados para ir aos Estados Unidos este ano mudaram seu destino para outros países, incluindo o Reino Unido e a Alemanha.
Essa é uma mudança marcante em relação ao ano anterior. Dos 2.225 estudantes de doutorado que Capes selecionou para ir para o exterior em 2024, 371 escolheram os Estados Unidos como seu destino; Nenhum mudou seus planos. Este ano, 2.463 estudantes ganharam doações por temporadas no exterior. Dos 458 que optaram por estudar nos Estados Unidos, cerca de 350 ainda estão indo. Mas o fato de que quase 100 backup soaram o alarme para a agência, diz a presidente da Capes, Denise Pires de Carvalho. “Eles estão ouvindo que algumas pessoas estão sendo negadas a entrada, mesmo com vistos válidos”, diz ela. “É importante tornar isso conhecido para que os estudantes de pós -graduação que se sintam inseguros saibam que podem mudar de destinos”.
Um estudante de doutorado em biologia na Universidade Federal de Pernambuco em Recife, que pediu para não ser identificado por medo de retaliação futura, é uma das 96 pessoas que o fizeram. Há muito tempo planejava trabalhar com um pesquisador de genômica em Nova York e recebeu uma concessão do governo brasileiro para colocar isso em prática. Mas, à medida que os atrasos de vistos montaram e os rumores sobre o tratamento de imigrantes – documentados ou não – pela agência de imigração e alfândega dos EUA começaram a circular, ela começou a questionar a mudança. “Comecei a pensar: ‘E se eu for deportado no meio da minha pesquisa?'”, Diz ela. Por fim, ela redirecionou seus planos de estudo e, em vez disso, começará a pesquisar no próximo mês em uma instituição alemã. “Meu possível consultor foi muito compreensivo.”
O desconforto não se limita àqueles com financiamento do governo brasileiro. Um pesquisador de biosciences, que pediu para não ser identificado por medo de comprometer oportunidades futuras nos Estados Unidos, garantiu uma concessão privada competitiva para uma posição de pós -doutorado em uma prestigiada universidade, mas mudou de idéia há alguns meses. Ele começou a ver o processo como humilhante. “Que país exige que as pessoas abrem suas mídias sociais para atravessar a fronteira?” ele diz. “E o que veio à mente foi: ‘Eu não preciso disso.'”
Para ele, a questão vai além de Trump. “Não estou dizendo que as coisas não podem mudar com um novo governo, mas agora não tenho confiança no sistema”. Ele diz que o senso de hostilidade se tornou institucional. “Uma mudança no governo não garante estabilidade. E se alguém pior chegar a seguir?”