Menina de 3 anos supera câncer raro e pais relembram luta médica: 'mudamos até de cidade para tratá-la'


Quando ainda era um bebê, com poucos meses de vida, a pequena Emanuelly foi diagnosticada com neuroblastoma cervical, um tipo de tumor embrionário raro que começa pelo sistema nervoso e costuma aparecer até 22 meses depois do nascimento. Com infinitas sessões de quimioterapias feitas em Cacoal (RO), a garota conseguiu superar a doença e hoje, com 3 anos, vive normalmente como qualquer criança.

Emanuelly faz parte da estatística do Instituto Nacional do Câncer (Inca) que contabiliza 12,5 mil casos registrados de câncer pediátrico por ano no Brasil. Esta sexta-feira (15) é considerado Dia Internacional de Luta Contra o Câncer Infantil.

Descoberta


De acordo com a mãe da Manu, Marcilene Pascoal, a "luta" com a criança começou quando ela tinha apenas oito meses de vida. Na época, a família morava em Alta Floresta D’Oeste (RO). Entre os sintomas que surgiram estava uma febre persistente, mesmo após a medicação e sonolência.
“Na parte da noite apareceu um caroço no pescoço dela, muito grande. Levamos para o hospital e na madrugada ela teve duas convulsões sérias. Os médicos encaminharam ela para o Hospital Regional de Cacoal e nos disseram para orar para que ela chegasse viva na cidade”, conta a mãe.


Pais lutaram junto com filha em busca da cura — Foto: Rede Amazônica/Reprodução

A garota foi internada, fez exames e, quando já estava com 10 meses, foi diagnosticada com neuroblastoma. “Meu marido perguntou o que era essa doença e a doutora respondeu que era sinônimo de câncer. Foi uma bomba pra nós”, lembra Marcilene.
De acordo com dados do Inca, no Brasil são registrados 12,5 mil novos casos de câncer pediátrico a cada ano. Excluindo os tumores do sistema nervoso central, o neuroblastoma é o principal tumor sólido, que são nódulos de massa e não estão no sangue, como é o caso da leucemia, por exemplo.

O instituto também alerta para as ocorrências de reincidência no país. A média é de cerca de 10 casos para cada 100 mil habitantes. Sendo que 30% desta doença é comum em menores de um ano. O caso da Emanuelly foi bem atípico.

A maior parte dos casos, 65%, acontece na região abdominal e glândula suprarrenal,. 20% são comuns na região torácica e 0,5% na cabeça e pescoço e o restante em outras regiões do corpo.


Emanuelly durante tratamento — Foto: Rede Amazônica/Reprodução


Tumor


Manu teve o tumor no pescoço. A doença foi descoberta logo no início. Segundo o médico oncopediatra Paulo Brasil, dessa forma o tratamento costuma ser mais preciso e o índice de sobrevivência aumenta consideravelmente.


“A gente tem na criança a descoberta precoce e é isso que vai interferir objetivamente no processo de cura, que hoje, diferente dos cânceres de adulto, temos uma taxa de cura de 70 a 80% se descoberto o mais rápido possível. A Emanuelly foi minha primeira paciente e graças a Deus conseguimos fazer todo o tratamento adequado dela em Cacoal”, disse Brasil.


A Emanuelly descobriu a doença quando tinha apenas 10 meses, foram oito meses de quimioterapia. Agora ela já tem 3 anos e faz apenas acompanhamentos médicos uma vez a cada dois meses em Cacoal, onde a família mora atualmente.
Tratamento

Durante o tratamento, a Manu foi acompanhada pelos médicos do hospital público da cidade. Após a quimioterapia, tudo foi voltando ao normal, inclusive a rotina dela, que agora é só brincadeira.


Poder participar do dia a dia da Emanuelly e ver a filha crescer era o que os pais dela esperavam todo o tempo. Para a mãe Marcilene, a primeira palavra que vem em mente quando olha para a filha é gratidão.


“Passar por tudo isso foi muito difícil, então tenho muita gratidão por ter dado tudo certo, pois sei que tem outras crianças que não tiveram a sorte dela. Quando ela começou o tratamento eu tinha 21 anos, minha primeira filha, passar por tudo isso não é fácil, mas tivemos muito apoio familiar e isso ajudou muito”, disse a mãe emocionada.



Pais beijam Emanuelly após ela se curar de câncer — Foto: Rede Amazônica/Reprodução


Para acompanhar o tratamento da filha ao lado da esposa, o pai da Manu, Valdir Casseano, largou o emprego em Alta Floresta e foi com a família para Cacoal.

“Deixei minha cidade, o trabalho, passei dois meses em Cacoal desempregado, procurando emprego, tudo para ficar perto delas. Mudamos nossa vida completamente por causa da nossa ‘pequena’. Não me arrependo e por ela eu faço tudo”, afirma o pai.


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