Facções criminosas vivem uma eterna luta pelo poder em RO



Não é de hoje que grupos marginais, organizados para cometerem os mais variados delitos em série, causam temor na sociedade. São diversas notícias de crimes cometidos, praticamente, todos os dias sempre com muita violência.

Em uma conversa com o coronel da Polícia Militar, Alexandre Santos, foi possível entender como funciona todas essas organizações presentes nas cidades e zonais rurais de Rondônia. Ele participou, na última terça-feira (19), do Programa Conexão Rondoniaovivo, com o jornalista Ivan Frazão.



Coronel PM Alexandre denuncia que 'pessoas jovens estão sendo decapitadas em vídeos e postados para todos verem'

O policial disse que em Porto Velho existem ramificações ou segmentos de grandes centros do país. Um exemplo, é o Comando Vermelho (CV) que, segundo ele, tem, inclusive, o ‘quartel general’ de onde fazem todo planejamento dos crimes, localizado no conjunto habitacional Orgulho do Madeira, na zona Leste da cidade.

Já o Primeiro Comando da Capital (PCC), utiliza o condomínio Morar Melhor como base para reunir os integrantes do bando e arquitetar os atos criminosos. Outra característica desse grupo, informou o PM, é que ele age com o intuito cooptar novos membros, através do ‘batizado’ de jovens, fazendo com que eles assumam a ‘camisa’ deles. O grupo possui ligação direta com grandes centros como Rio de Janeiro e São Paulo.


Tribunal do Crime


Alexandre revelou também que esses bandos criminosos, possuem leis próprias, onde decidem como são os pagamentos por faltas cometidas pelos membros. Nesse caso, as penas variam de níveis.

“Todas essas facções utilizam uma forma muito popular ao que acontece nos grandes centros do país. Praticam verdadeiros tribunais paralelos ao crime, onde as pessoas são julgadas e condenadas à morte, dependendo da situação”, declarou.


Facções criminosas realizam tribunais do crime que prendem, julgam e matam menbros do próprio bando

Para o coronel PM, quando os criminosos se reúnem nesses ‘tribunais do crime’, decidem as ações a serem tomadas, eles estão buscando reconhecimento e respeito. Para isso, impõem o medo como arma de pressão contra os moradores desses locais.

“Nós temos que ter em mente que a nossa realidade está sendo essa. Pessoas jovens sendo decapitadas em vídeos e postadas para todos verem. É o poder pelo poder. Todos, desses grupos criminosos querem impor o poder. Para impor isso, eles precisam se mostrar grandes e mais violentos”, explicou.

Outro fator é a organização desses grupos criminosos, onde há uma hierarquia. Alexandre afirmou que tem o líder e os integrantes ‘faccionados’; tem quem cuide da questão orçamentaria e quem demanda as armas.

“Tem também o que cuida somente dos que saem às ruas para praticar o crime. Muitas vezes as ordens vêm de dentro do próprio presídio, que são dominados pelas facções”, revelou.


Na zona rural de RO, segundo o coronel Alexandre, grupos como a LCP levam pânico para produtores rurais

No campo

O coronel Alexandre declarou que os tentáculos desses bandos criminosos não estão restritos apenas as cidades. Hoje, explicou, se encontram presentes também nas zonas rurais do Estado de Rondônia, promovendo invasões de terras e amedrontando proprietários de fazendas. Rondônia já foi palco de vários crimes no campo, com uma série de mortes violentas.

“Apesar de terem nomes diferentes, tudo é movimento sem-terra. A Liga dos Camponeses Pobres (LCP) é uma ala radical do Movimentos dos Sem Terras (MST). A bandeira é a mesma, ou seja, tomar a propriedade alheia à força. Para isso, promovem verdadeiros atos criminosos, vandalismo, depredação do patrimônio privado, invasão, matança, torturas de funcionários dentro das propriedades rurais e outros modus operandi”, detalhou o policial.

Para Alexandre, o homem do campo precisa se proteger e ter acesso às armas para tentar garantir a segurança dele, da família e da propriedade. Além disso, ele lembra ser necessário ter o apoio de segurança privada.

“Legalmente falando, o proprietário dessas áreas precisa se armar, assim como precisa ter uma empresa contratada, devidamente autorizada pelos órgãos, para proteger o patrimônio dele. Segurança Pública é necessária para o bem de toda a população do Estado”, finalizou.


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