ASSUSTADOR: Cresce violência contra animais em Rondônia, diz Polícia Civil



A Polícia Civil, por meio da Delegacia Especializada em Repressão aos Crimes contra Meio Ambiente (DERCCMA), divulgou nesta semana uma informação assustadora: somente nos oito primeiros meses deste ano, as denúncias de maus tratos contra animais mais que dobraram se comparado com as registradas ano passado.

De acordo com o órgão, durante todo o ano de 2020, foram denunciados 502 casos. Já nos primeiros oito meses deste ano, já são 393 registros, bem próximo do total do ano passado.



Polícia Civil registra salto nas denúncias envolvendo maus tratos de animais | Foto: Arquivo pessoal


Luta

Tadema Trindade e a filha, Indira Jara, fundaram o grupo Protetores Voluntários de Porto Velho, que existe há oito anos. Elas e outros parceiros e parceiras acolhem, adotam, cuidam e alimentam animais de rua, como cães e gatos.

Da iniciativa, foi criado o projeto “Quem Ama, Castra”, que incentiva a castração de animais para evitar a superpopulação.

Segundo elas, a cada dia que passa, a impressão é que há cada vez mais ações para fazer pelos bichinhos de rua.

“Não tem um dia que as pessoas não falam conosco sobre animais que foram abandonados, que são maltratados ou passam fome. Sempre estamos levando os bichos para o veterinário, colocando ração para eles se alimentarem ou socorrendo os que foram atropelados. É muito trabalho, ainda mais em Porto Velho, que não tem uma política pública voltada para os animais de rua”, falou Tadema Trindade.

“Já carreguei todo o tipo de bichos no meu carro. Eu vejo um cachorro, um gato ferido ou doente, eu corro com eles pro veterinário. Não tem jeito... É mais forte do que eu. Eu tenho minha rotina, meus problemas, mas meu amor pelos animaizinhos de rua é grande. Tem dias que gasto muita gasolina. É difícil, mas a gente consegue ajudar um pouco”, desabafou Indira Jara ao Rondoniaovivo.

Casa nova

Uma das “meninas” beneficiadas com as ações dos Protetores Voluntários (é assim que Tadema e Indira chamam suas cachorrinhas) foi a Pretinha.

A cadelinha vivia em frente a uma casa na zona Leste de Porto Velho. Como mãe e filha não têm abrigo, pediram para um marceneiro construir uma casinha de madeira para ela.

Todos os dias, a dupla de voluntárias a alimentava e abastecia sua vasilha com água. Porém, em junho deste ano, Pretinha foi atropelada e perdeu um dos olhos.


Pretinha, agora Berenice, tem um novo lar, após ser atropelada | Foto: Arquivo pessoal


Após um apelo feito nas redes sociais, os Protetores Voluntários pagaram o veterinário e abrigaram a cadela até que ela encontrasse um tutor responsável. Pouco tempo depois, em julho, Pretinha foi adotada, tem novo nome (Berenice) e agora vive com muito amor, carinho e cuidado.


Além da castração, os Protetores Voluntários também instalam comedouros e bebedouros públicos para os animais de rua.


Protetores voluntários também constróem comedouros e bebedouros para cães e gatos | Foto: Arquivo pessoal


Sem grana


Em tempos de crise econômica, o dinheiro fica curto para todos, incluindo aqueles que atuam em determinadas causas. Não seria diferente para os Protetores Voluntários ou a Amigos de Patas, que existe há 15 anos.

Somando os cães e gatos abrigados nas duas unidades da Amigos de Patas são mais de 300 animais sob tutela. Em todo esse tempo, já foram contabilizados 10 mil salvamentos, segundo a fundadora, Clotilde Brito.

Quase todo o pouco dinheiro que sobra do orçamento da casa ou dado por parentes, é empregado no salvamento dos animais. Segundo Clotilde, raramente aparece alguém “de fora” para realizar uma doação.

Mesmo fazendo apelos nas redes sociais para socorrer animais atropelados, machucados ou que precisam de castração, Tadema e Indira também utilizam dinheiro dos seus ganhos mensais para financiar o trabalho voluntário.

Aumento

As três personagens são unânimes: aumentou o número de animais abandonados em Porto Velho, especialmente durante a pandemia da Covid-19.

“O pessoal vai mudando para apartamento e deixando os animais para trás”, falou Clotilde.

Um fato revoltou Indira recentemente: uma senhora de 80 anos se mudou para outro estado e colocou sua casa para alugar. Dentro da residência, uma cachorrinha com 20 anos de idade, que ficou sob “responsabilidade” da corretora de imóveis. Além de cuidar da cadela idosa, a moça ainda teria que encontrar um novo morador ou moradora para o local.

“Fiquei revoltada quando soube disso. Não entendo como uma pessoa convive tantos anos com um animal, simplesmente vai embora e deixa ele para trás. A corretora disse que estava cuidando dela, dando água e alimentação. Mas, como essa cachorrinha ficava lá, sozinha, com a casa escura? E se ela ficasse doente? Não dá pra acreditar nisso. Fiquei chocada”.



Cadelinha de 20 anos foi abandonada pela dona aos cuidados de corretora de imóveis | Foto: Arquivo pessoal


Denúncias e apoio

As denúncias de maus tratos contra os animais podem ser feitas na Delegacia Especializada em Repressão aos Crimes contra Meio Ambiente (DERCCMA), por meio dos números 197 ou (69) 98439-0102 (com WhatsApp).


Voluntários verificaram aumento do abandono de animais durante a pandemia | Foto: Arquivo pessoal


Já quem quiser fazer doações para os Protetores Voluntários ou Amigos de Patas, só procurar nas redes sociais, pois ambas tem perfis na internet.



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