Casal homoafetivo do RJ adota irmãos gêmeos em Porto Velho



Na cidade histórica do Rio de Janeiro, Itaboraí, um casal sonhava em ter filhos. Casados há 37 anos, João Batista Nascimento e Luiz Henrique Lima contam que sempre tiveram o desejo de ser pais, porém, com o trabalho, a busca por uma melhor qualidade de vida, aos poucos foram adiando o desejo de aumentar a família.


Quando decidiram adotar optaram por receber crianças, maiores de 7 anos, de qualquer região do Brasil. Após dois anos de espera, foi em Porto Velho que encontraram seus filhos. “Sempre acreditei que não precisa ser biológico para ser filho. O amor é a chave da história. É muito bom você acordar com alguém dizendo eu te amo”, explica João.


Nos dois primeiros meses o contato foi virtual. Por se tratar de um processo rigoroso, a equipe de psicólogos e assistentes sociais faz muitos questionamentos. “Tem hora que não aguentamos tantas perguntas e questionamentos, mas depois percebemos que isso é necessário e tem que ter. É importante para preservar a integridade das crianças”, explica Luiz.


Quando chegou o momento de ir a Porto Velho conhecer seus filhos, o casal contou que ficou muito nervoso e com medo, mas que a ansiedade foi superada. No primeiro encontro, os gêmeos Mateus e Marcos já o chamaram de pais. “Eles foram super calmos, receptivos e amorosos. Nos abraçaram e nos convidaram para brincar. Adoção é reciprocidade. Nós fomos adotados, antes de adotarmos eles”, destacou Luiz, que nunca esquece essa lembrança.


O casal conta que nunca sofreu preconceitos por ser uma família homoafetiva. Há seis anos, a adoção para casais homoafetivos é reconhecida no Brasil como adoção homoparental. Em 2015, o Supremo Tribunal Federal decidiu que o conceito de família não pode ser restringido a casais heterossexuais.


João e Luiz são os primeiros pais homoafetivos da escola de seus filhos. Fazem parte do conselho representando todos os pais. Mateus e Marcos foram à escola logo na semana seguinte que chegaram. Tiveram uma ótima recepção, adaptação e nunca passaram por nenhum constrangimento.


Os pais ressaltam o mérito da atuação da equipe da Vara de Proteção à Infância e Juventude de Porto Velho. “Eles foram preparados em Rondônia com a equipe de psicólogos e assistentes sociais. Foi um apoio tremendo, tanto para as crianças como para nós, pais . O adulto não tem a simplicidade que a criança tem”, destacou Luiz.


A adoção dos gêmeos aos nove anos de idade traz à tona também o aspecto da memória. Na opinião dos pais o passado das crianças precisa ser respeitado. “É algo que não se apaga, não pode ser escondido. Eles nunca irão esquecer o período de vida antes do nosso encontro, por isso respeitamos muito isso”, completou.


A história de Luiz, João, Mateus e Marcos é um exemplo das emocionantes trajetórias de várias famílias que resolveram contar suas experiências para o Tribunal de Justiça de Rondônia, como forma de sensibilizar a sociedade à adoção, nesta semana que é dedicada ao tema.


Fonte: TJ/RO