Terrorismo em Rondônia: PCC estaria com milícia para ataques


Rondônia tem bomba-relógio nas mãos após transferência de líderes do Primeiro Comando da Capital (PCC). O Estado tem recebido ameaças de terrorismo e ataques à órgãos públicos, registrados na última quarta-feira (13), pela Polícia Civil do Estado (PC/RO). O caso está sendo tratado em sigilo.

Após os ataques no Estado do Ceará, ocorridos desde o dia 2 de janeiro, a PC de Rondônia recebeu as mesmas ameaças em represálias as últimas ações policiais e prisionais, onde o presídio federal de Porto Velho recebeu chefes da facção PCC de presídios transferidos de São Paulo.

Na denúncia, delegacias, fóruns e tribunais de Justiça em todo Estado de Rondônia seriam os primeiros a receberem os ataques.

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De acordo com o denunciante, um membro da organização, que atende por “Josué”, é responsável pela facção da região Norte, ele teria entrado em contato com o responsável pelo PCC em Rondônia para recrutar integrantes para serem treinados e realizar os ataques nos próximos dias.

Autointitulado como o inimigo número um das facções, o promotor de Justiça responsável pelas transferências, Lincoln Gakiya, que atua no Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), declarou que a remoção causou isolamento do primeiro e o segundo escalões da facção criminosa que atua dentro e fora dos presídios.



Marcola, líder do PCC (Divulgação)

Segundo Lincoln, a decisão pegou os chefes de surpresa e que Marcola, transferido para o presídio de Porto Velho, vai encontrar dificuldades para comandar a organização. A ordem de mudança de presídio se deu, de acordo com o promotor, após a descoberta de um possível esquema de resgate de Marcola e de outros membros onde estavam detidos em São Paulo. Eles também são acusados de planejar ataques criminosos em outros estados.



Ataques de facções no Ceará

O estado entrou em alerta após, na posse de 1º de janeiro, o novo secretário de Administração Penitenciária (SAP), Luís Mauro Albuquerque, declarar que não reconhecia facções no Ceará e que não era a favor da separação dos detentos por facção criminosa. Outra possível ação que desencadeou os ataques no estado, foi o bloqueio de telefones através de celas sem tomadas.


Ataques ocorrido no Ceará, em janeiro de 2019 (Divulgação)

Após as declarações, no dia seguinte sob ameaças, o Ceará sofreu o início das ondas de ataques. Na primeira noite, no dia 2 de janeiro, ônibus, prédios públicos e privados, fotossensores e até um viaduto foram atacados em, pelo menos, 13 ações criminosas durante a noite e a madrugada do dia 3 de janeiro de 2019.

Até as 11h do dia 4 de fevereiro, o sistema contabiliza 283 ataques em 56 dos 184 municípios do estado do Ceará, sendo 134 em Fortaleza, a cidade que concentra a maior parte das ações criminosas.

Segundo a Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS), aumentou para 466 o número de pessoas presas ou apreendidas por participação nos atos criminosos. O balanço corresponde às capturas até o dia 31 de janeiro. O órgão não está informando a contabilização dos números de ataques.
Como os “escolhidos” são recrutados?

Especialistas em segurança pública, sociólogos e agentes do sistema penitenciário relatam que essas pessoas são recrutados de vários modos. Em entrevista à BBC News Brasil, agentes penitenciários e especialistas em PCC contam que o recrutamento principal é quando internos são “batizados” pela facção ao chegar nos presídios ou fazem dívidas com o crime.



“Quando o preso chega na cadeia, ele facilmente consegue drogas e celular. Se ele não tem dinheiro para pagar, hoje ele não vai ser morto pelo PCC, mas geralmente é transformado em ‘soldado’. Essa pessoa tem sua dívida perdoada em troca de ficar à disposição para ser recrutada para, por exemplo, matar um agente penitenciário ou policial militar quando estiverem em liberdade. Se recusarem, são mortos pela facção”, disse um funcionário com vasta experiência no sistema penitenciário.

As dívidas e o medo constante fazem com que, segundo agentes penitenciários, esses “recrutas” mantenham um laço com a facção mesmo quando deixam as cadeias.

Mas algumas das “missões” passadas pelo PCC, como incendiar ônibus e promover ataques a delegacias ou batalhões, podem ser feitas também pelos próprios membros do PCC em liberdade, mesmo que não tenham dívidas.


Fonte: Diário da Amazônia