'Só deu tempo de tirar o guarda-roupa', diz 5ª família retirada de área inundada pelo rio Madeira em RO


Foi em meio a lágrimas que a família de Francisca Maria Gonçalves de Brito, recebeu a equipe da Defesa Civil de Porto Velho, na manhã desta segunda-feira (11). A família foi a quinta desalojada em consequência do aumento do nível do Rio Madeira.

Moradora do bairro Areal há cerca de 32 anos, ela construiu a casa no terreno que foi presente do sogro, logo que casou. A realização do sonho da casa própria foi divida com as filhas, que também fizeram uma casa nos fundos e um apartamento na frente do local.

Desde 2014 a família vive sob a constante apreensão devido ao transbordamento de um córrego, que ocorre em consequência do aumento do nível do Rio Madeira.



Berço da neta de dona Francisca sendo retirado da casa alagada em Porto Velho — Foto: Cássi Fimino/ G1


Durante as cheias de 2014, a casa de Francisca ficou submersa, a família acabou perdendo tudo. Pelo período de cinco meses, em que ficaram morando de aluguel pouca coisa foi reconstruída.



“Naquela época, nós pagávamos mil reais de aluguel e meu marido teve que ficar fazendo um monte de viagem extra, para darmos conta de viver e pagar as coisas. Nós não tivemos ajuda nenhuma, eu ainda guardo os recibos de aluguel", lembra Francisca.

Cinco anos depois, a família vive mais um momento de apreensão. O transbordamento do córrego, que passa próximo a residência, fez com que as águas chegassem em boa parte do terreno e alagasse a residência onde a filha, a neta e o genro da dona Francisca moram. Eles se mudaram para casa de outro parente.




“Quando alaga é de uma vez. Nós ficamos aqui desde às 3h olhando com medo da chuva. Quando foi depois de umas 5h, eu já corri lá acordando ela, porque a água já estava invadindo tudo, só deu tempo de tirar o guarda-roupa da minha neta de nove meses”, explica a moradora.


Com lágrimas nos olhos, dona Francisca recorda as velhas lembranças que o avanço das águas trazem a família.



“Me criei aqui, minhas filhas, minhas netas e nunca tinha visto nada assim", comenta a moradora.


*Cássia Firmino, estagiária, sob supervisão de Ana Kézia Gomes