Família contaminada com bactéria rara em RO tem leve melhora e está estável


Apesar de continuarem internados na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Regional de Cacoal (RO), o quadro clínico das cinco pessoas de uma mesma família contaminadas pela bactéria rara Clostridium botulinum, causadora do Botulismo, é estável e elas já não estão mais entubadas. A informação foi repassada pela coordenadora da vigilância em saúde da cidade, Ivani Gromann.


A família foi contaminada pela bactéria no dia 10 de fevereiro depois de consumirem uma maionese preparada com milho em conserva durante um almoço de domingo. Todos são moradores de São Miguel do Guaporé (RO).


Ivani explica que os cinco pacientes apresentaram uma pequena melhora nos últimos dias, ou seja, já não necessitam de equipamentos para respirar. No entanto, uma melhora significativa ainda pode demorar um pouco mais.

"Eles já não estão mais entubados. Estão em estado estável. Não houve melhora significativa, então todos ainda estão praticamente na mesma situação. Aguardando talvez no futuro ter melhora", disse Gromann.


A coordenadora explicou ainda que a evolução do Botulismo é lenta. Isso explica o motivo da recuperação também ser devagar.

"A gente espera que daqui um mês eles comecem a apresentar alguma melhora para depois irem à fisioterapia e mostrarem melhoras mais significativas. No momento continuam todos na mesma situação. Mas nenhum está entubado", garantiu Ivani.


Ao G1, o diretor do Lacen em Rondônia, Luiz Tagliane, informou que há a suspeita por conta dos sintomas. Disse também que a previsão é que os exames fiquem prontos entre os dias 7 e 8 de março.
 O Lacen encaminhou amostras de sangue coletados dos pacientes ao Instituto Adolfo Lutz, em São Paulo.


Entenda o caso



Durante um almoço de domingo, oito pessoas de uma mesma família foram contaminadas pela bactéria Clostridium botulinum, causadora de uma doença chamada Botulismo. A bactéria foi contraída depois que comeram uma maionese preparada com milho em conserva.


Cinco pacientes estão internados na UTI do Hospital Regional de Cacoal. Os outros três, sendo um adulto e duas crianças, permanecem em São Miguel do Guaporé, onde moram, e já que não precisaram de internação.


O setor de vigilância em saúde de Cacoal alerta que não foi confirmado surto de Botulismo em Rondônia, mas sim em uma localidade restrita.


Ivani Gromann detalhou que o Botulismo é uma doença bacteriana rara e não contagiosa, mas é grave e pode ser fatal.


A bactéria rara pode entrar no organismo por meio de machucados ou pela ingestão de alimentos enlatados – preservados de forma inadequada.

"Horas após a pessoa ingerir o alimento contaminado, já começa a apresentar visão dupla e, em seguida, uma paralisia progressiva que atinge boca, olhos e os principais órgãos. Se não tratada, pode levar ao óbito", explicou.


E foram esses os sintomas que os membros da família apresentaram logo após o almoço. Eles foram transferidos para Cacoal na madrugada do último dia 11 de fevereiro, onde foram medicados com o soro antibotulínico, que foi enviado ao município por meio de transporte aéreo de Brasília (DF) e Porto Velho.


Ivani explicou que a maioria das bactérias do Botulismo está presente principalmente nos alimentos enlatados. Entretanto, não é possível confirmar ainda de qual alimento partiu a bactéria. A suspeita é de milho em conserva.

"Na terça-feira (12), enviamos para o Lacen amostras de sangue de todos os oito pacientes para confirmar o surto, pois hoje temos apenas a suspeita. Achamos que pode ter sido milho em conserva, pois foi o único alimento enlatado utilizado pela família para o preparo da maionese que todos comeram no almoço. No entanto, a vigilância de São Miguel enviou para a capital amostras de todos os alimentos que estavam na geladeira da casa onde o almoço foi preparado", detalhou a coordenadora.



Sintomas do botulismo


Nesse tipo de botulismo alimentar, de acordo com a Agência Estadual de Vigilância em Saúde (Agevisa), neurotoxinas atacam os nervos das pessoas, fazendo cair a musculatura da língua, da pálpebra e do céu da boca. Quando elas entram na corrente sanguínea, primeiramente se alojam em nervos cranianos.


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