Membros do MP ganham mais de R$ 4 milhões em gratificações natalinas em RO


Os 142 promotores e procuradores de Justiça de Rondônia tiveram mais de R$ 4,43 milhões em gratificações natalinas em dezembro de 2018. Houve ainda R$ 8,59 milhões em remunerações retroativas. O Ministério Público de Rondônia (MP-RO) informou, em nota, que são direitos adquiridos e acumulados ao longo de anos e que, por isso, não é ilegal.

A remuneração aos cargos, atualmente, gira em torno de R$ 30 mil. Entretanto, os rendimentos mensais para os membros são, devido a remunerações eventuais ou temporárias.

Entre elas está a chamada "função de confiança" ou "cargo em comissão", com gratificações que podem variar de R$ 2 mil a R$ 10 mil para cada promotor ou procurador. Variam de valores também os chamados "abonos de permanência", previsto pela Constituição, e as remunerações retroativas – somaram no último mês R$ 8.593.127,05.

Outros rendimentos, como o auxílio-alimentação, gira em torno de R$ 2 mil para cada um. O valor é quase o dobro do salário mínimo nacional, agora cotado a R$ 998.

Há ainda as chamadas "indenizações", que acompanham os membros da Justiça em Rondônia há nove anos. Hoje, a maioria recebe cerca de R$ 850, mas os valores para esses rendimentos chegaram a ser maiores, variando de R$ 2 a R$ 5 mil em 2010.

Por fim, há as "gratificações natalinas", pagas em dezembro de 2018. Elas somaram R$ 4.437.374,53, quase o valor correspondente a gratificação mensal.

Como exemplo, há o caso de um procurador do MP-RO que teve direito a todas as remunerações citadas. Ele recebeu em dezembro do último ano R$ 314.956,58.

Mesmo havendo os descontos obrigatórios e legais, como o imposto de renda, contribuição previdenciária e a retenção de teto constitucional para quem ganha acima de R$ 33 mil, o membro da Justiça encerrou 2018 com um rendimento mensal de R$ 286.236,91.


Mas é legal


Em nota, o MP-RO informou que as verbas indenizatórias recebidas pelos promotores e procuradores de Justica em dezembro de 2018 não fazem parte da parcela de remuneração.

Porém, citou que são direitos adquiridos e acumulados ao longo de anos, relativos a indenizacões de férias e licenças prêmios que não puderam ser gozadas, devido ao número insuficiente de membros para atender as demandas de processos e procedimentos na instituição.

O MP-RO lembrou, inclusive, que todas as remunerações citadas estão dentro da legalidade e que usaram recursos próprios. Os contracheques dos promotores e procuradores estão disponíveis no portal de transparência do MP-RO.

Para o diretor do núcleo de Ciências Sociais da Universidade Federal de Rondonia (Unir), Júlio Rocha, é necessário que a sociedade se pondere acerca da polêmica salarial e indenizatória dos magistrados.

"Sabemos que é alto, mas também que é legal. Não acredito que baixando o salário ou retirando direito deles (membros do judiciário) vamos solucionar os problemas previdenciários do Brasil, por exemplo. Se buscarmos a evolução salarial do judiciário e a posição legal, vamos ver que elas existem desde a criação do STF (Supremo Tribunal Federal). Agora, se eles dão um jeitinho para ganhar um extra, isso sempre fez parte", explicou o professor.

Fonte: G1 Rondônia